Nesta exposição, apresentamos esculturas que utilizamos como instrumentos para a interrogação do mundo que nos cerca e procura de conhecimento. Não pretendem esgotar-se em si próprias nem se assumem como fetiches ou ídolos para adoração, elas são produto de várias contingências e circunstancialidades, situam-se no plano do humano sujeitas às suas limitações, confirmam-se de algum modo como memória do seu tempo, ousam aspirar à perenidade da imaterialidade das ideias e do pensamento.
IC+RC 2015
texto publicado no catálogo da exposição de escultura Do nada para parte alguma, 5 Dezembro 2015 a 23 Janeiro 2016, Biblioteca Municipal de Stª Maria da Feira
In this exhibition we present sculptures that we use as instruments to question the world around us in a quest for knowledge. They don’t intend to deplete themselves neither assume the role of fetishes or idols of worship. They are the result of several contingencies and circumstances, in their human circumstances they are tied to their limitations, they are somehow indorsed as a memory of their time, they dare yearn to the perennial immateriality of thought and ideas.
IC+RC 2015
Estas esculturas buscam a luz, princípio e fim de todo o conhecimento, a imaterialidade das ideias e do pensamento, ousam não querer ser de nenhum lugar de nenhum tempo. Concretizam-se no plano do humano, plano de contingência e de circunstancialidade, lugar da elevação possível, limitadas pelos instrumentos do seu tempo, constituem-se suas prisioneiras.
IC+RC 2012
Exposição na Casa Museu Teixeira Lopes de Julho a Dezembro de 2012
These sculptures search for light, the beginning and end of any form of knowledge, the immateriality of ideas and thought, they dare rejecting the idea of belonging to any place or time. They materialize amongst humans, contingent and circumstantial, a place for a form of possible exaltation, limited by the tools of their time they become its prisoners.
IC+RC 2012
Só restará silêncio
IC+RC 2011
texto publicado no livro Escultura, edição Serpente, Setembro de 2011, Porto, Portugal (que acompanhou a exposição com o mesmo nome, Setembro/Outubro de 2011, Galeria Serpente, Porto, Portugal)
There will be nothing but silence
IC+RC 2011
Agora estabelecemos somente a direcção do movimento e sentimos que os trilhos já estão traçados, agrada-nos como se estabelece a história, não nos sentimos coagidos nem responsabilizados pela necessidade de salvação da espécie. Não são as palavras escritas ou ditas que desenham as formas, mas estas que determinam as palavras; do silêncio surge a acção, o vazio ganha significados que nos questionam, o elementar emerge como o essencial.
Estas esculturas são instrumentos que registam cada momento interior, quantificadoras do espaço ao qual dão nome, constituem-se como marcas precárias da nossa caminhada, memórias efémeras. A matéria que na actualidade as constitui simula a perenidade a que não se destinam, elas são objectos fugazes que nos relacionam com a realidade que nos cerca e que a interrogam, cadernos de apontamentos onde se encadeia o pensamento, notas soltas que organizamos em direcção a algures... monumentos ao devir, relógios do tempo.
IC+RC 2007
texto editado na exposição Escultura, Junho/Julho de 2007, Galeria Serpente, Porto, Portugal
texto publicado no catálogo da exposição Escultura, Janeiro/Março de 2008, Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros, Portugal
texto publicado no catálogo da exposição Escultura, Junho/Agosto de 2009, FACE – Museu Municipal de Espinho, Portugal
texto publicado no catálogo da exposição Escultura, Abril/Maio de 2010, Galeria Novo Ciclo – ACERT, Tondela, Portugal
Now we’ve done nothing more than establish the direction of the movement and we have a feeling the path has already been drawn, we like the way the story unfolds, we don’t feel coerced or responsible by the need to save the species. It’s not the written or spoken words that delineate the form but rather these that define the words, from silence comes action, emptiness gains meanings that interrogates us, the elementary comes forth as the essential.
These sculptures are instruments that record every inward moment, quantifiers of the space to which they lend their name, they’re like precarious marks of our walk’s path, ephemeral memories. The matter of which they are now made simulates the eternity to which they are not destined, they are fleeting objects that put us into contact with the surrounding reality that they also interrogate, notebooks where thoughts are strung together, random notes that we’ve organized with the aim to get somewhere… monuments to becoming, clocks of time.
IC+RC 2007
A Academia constitui hoje uma memória, ela determinou comportamentos e reacções, juras de fidelidade e insólitas traições. Alguns consideraram-se guardadores da chave do Paraíso, do acesso às divindades e ao Supremo Artífice, não acreditavam que utilizando outro modo que não o por si proclamado se pudesse escapar à transitoriedade da vida e transformar uma experiência existencial num hino à criatividade humana. Actualmente outros pretendem ocupar o lugar dos antigos guardiões, prosseguindo uma ilusão que se revelou inútil, no controle das chaves da sabedoria.
Enquanto a Terra adoece vítima dos desvarios ambientais, fruto de concepções erróneas de desenvolvimento, num oceano embalado pela brisa do pensamento único, sob várias roupagens sobrevivem reminiscências do pensamento académico.
Resta-nos o dever de contribuir para o culto e manutenção de um pensamento activo no domínio artístico que leve ao exercício pleno da liberdade criativa, ao respeito pelo território espiritual de cada um, ao incentivo à investigação tanto no domínio da especialidade como no domínio mais geral do conhecimento.
IC+RC 2005
texto publicado no catálogo da XIII Bienal Internacional de Arte de V. N. de Cerveira, Agosto/Setembro de 2005, Portugal
Nowadays the Academy is nothing but a memory. It had set behaviors and reactions, pledges of allegiance and unusual betrayals. Some considered themselves as guardians of the key to Paradise, the keepers of the access to the gods and the Supreme Craftsman. They did not believe that by using another way than the one they proclaimed, we could escape the ephemeral life and transform an existential experience into an anthem to human creativity. Today, others intend to occupy the place of the old guardians, pursuing the illusion – revealed to be useless – that they can control the keys to wisdom.
While the Earth falls ill, victim to the environmental madness, the result of wrong development conceptions, in an ocean cradled by the breeze of the unique thought, the reminiscence of academic reasoning survives under several disguises.
The duty is left to us to contribute to the cult and maintenance of an active reasoning on the artistic domain that leads to the full prosecution of creative freedom, to the respect for the spiritual territory of each one of us, to the incentive to investigate both in this particular domain as well as in the general domain of knowledge.
IC+RC 2005
A busca do(s) sentido(s)
...largamos da Baía de Santa Ana, para trás, ficavam as imagens do Vale de Maio.
Desfraldavam-se as velas.
O barco, a água, as ondas e ao longe as outras ilhas; pressentíamos que nos tínhamos aproximado um pouco mais... porém não tínhamos ilusões que o encontro seria praticamente impossível, pois já várias vezes o sentíramos perto.
Nos dias anteriores tudo tinha propiciado o distanciamento das coisas que nos prendiam. A nossa paisagem interior, cada vez mais coincidia com o que nos envolvia. Agora o tempo parecia parado.
O barco, a água, o momento.
A espiral de ouro.
... o(s) sentido(s) da busca.
IC+RC, Sesel, Setembro 1991
texto publicado no catálogo da exposição Pintura, Escultura, Mosaico, Outubro/Novembro de 1991, Galeria Gonfilarte, Vila Praia de Âncora, Portugal
texto publicado no catálogo da exposição Projecto Comum/Common Project, Novembro de 1992, Elms Lesters Gallery, Londres, Reino Unido
Searching the sense(s) ...
...we set sail from Santa Ana Bay; behind remained the images of Vale de Maio.
Sails unfurld.
The boat, the water, the waves, at a distance other islands; we fell we were approaching, but had no illusions: a meeting would be almost impossible, for we had felt it near on the other occasions.
On the previous days circumstances gradually set us apart from things we were attached to. Our interior scenery was more and more coincident with our environment. Now time seemed to be still.
The boat, the water, the moment.
The golden spiral.
The sense(s) of the search.
IC+RC, Sesel, September 1991
A busca do(s) sentido(s) ...
... o(s) sentido(s) da busca.
IC+RC, Sesel, Setembro 1991
texto publicado no catálogo da exposição Sul – Versículo I, Novembro de 1995, Galeria Por Amor à Arte , Porto, Portugal
texto publicado no catálogo da exposição Escultura 1987-1996, Outubro/Novembro de 1997, Tráfico de Arte – Galería, León, Espanha e La Escuela, Trobajo del Cercedo, León, Espanha
Searching the sense(s) ...
... The sense(s) of the search.
IC+RC, Sesel, September 1991
Não nos preocupa o êxito
Desejamos a descoberta
IC+RC 1989
texto publicado no catálogo da exposição Norte/Sul, Setembro de 1989, Galeria Quadrum, Lisboa, Portugal
We’re not concerned with success
We long for discovery
IC+RC 1989
Nestes objectos escultóricos que apresentamos são perceptíveis intenções de adequar o trabalho ao nosso modo de estar e viver, existindo neles uma confluência material e expressiva com as características culturais do meio envolvente; características essas forjadas fundamentalmente a partir das disponibilidades energéticas. Neles não há a utilização excessiva de meios e existe uma vontade de contenção no uso de materiais, que deverão ser simples e acessíveis, de acordo com a expressão.
Não desejamos produzir adereços ou enfeites, mas realizar uma arte preocupada e engajada, que tome posição e que conserve os princípios vitais da sua liberdade.
Que cada objecto que produzamos seja um lugar de silêncio e meditação, de liberdade participada. Neles esteja registada a viagem como um renascimento, que apelem ao conhecimento, condição essencial para a conquista da liberdade.
Desejamos que se sinta a presença do Homem em consonância com as coisas; como estar em silêncio no meio da floresta em conjunção com a Natureza, escutando-a.
Procuramos uma relação cósmica com o envolvimento e que a arte que produzamos se relacione intimamente com a atitude que temos para com ela; possa ser acessível, poética, simples; uma arte que proponha transformação, transformando-se, que caminhe com a História e que não se limite a pensar sobre ela, como que fixando o seu fim; arte de uma estética, mas de múltiplas acções, que não proclame mas que faça.
Não podemos dissociar-nos das grandes questões do nosso tempo, tais como, a sobrevivência da Humanidade, a necessidade da Paz (não acabaram os antagonismos), a globalidade dos problemas, interdependência de todos e tudo, a protecção da Natureza, a impossibilidade da guerra.
Conhecendo, tenhamos a liberdade possível e prossigamos plantando árvores na Lua no caminho das estrelas.
IC+RC 1988/2002
texto publicado no livro Pássaro azul, edição dos autores, Março de 1988, Porto, Portugal (que acompanhou a exposição com o mesmo nome, Março de 1988, Galeria Árvore, Porto, Portugal)
texto revisto em 2002 e publicado no catálogo da XII Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira, Agosto/Setembro de 2003, Portugal
In these sculptural objects that we’re showing here the intentions to adapt the work to our way of being and living are perceptible and they exhibit a material and expressive confluence with the environment’s cultural characteristics; these characteristics are fundamentally forged from the energetic availability. In them there is an excessive use of media and a will of restrain in the use of materials, these should be simple and accessible in order as to agree with the expression.
We do not wish to produce props or ornaments, but to put into practice a concerned and committed form of art, one that takes a stand and keeps the vital principles of its freedom. Let every object that we produce be a place of silence and meditation, of shared freedom. Let them register the journey as a renaissance; let them appeal to knowledge, a fundamental requirement to the conquest of freedom.
We wish for the presence of Man in line with things to be perceived; like keeping silent in the middle of the forest in line with Nature, listening to it.
We look for a cosmic relationship with the envelopment and for the art we produce to be closely related with our attitude towards it. That it may be accessible, poetic, simple; an art that offers transformation, transforming itself, that walks alongside History and doesn’t confine itself to merely thinking about it, as to fixate its very end; art as aesthetics but made up of multiple actions, an art that doesn’t proclaim but acts.
We cannot dissociate ourselves from the main problems of our time, such as the survival of Humanity, the need for Peace (the antagonisms haven’t come to an end), how global these problems are, the interdependence of everyone and everything, the protection of Nature, the impossibility of war.
Knowing this, let’s embrace the possible freedom and proceed with planting trees on the Moon on the way to the stars.
IC+RC 1988/2002
designed by Mafalda Barbosa